Ela acorda gritando — não de dor, mas de pura presença. Um grito sem memória, sem culpa, sem gramática. Bella Baxter não nasce: é reativada. Seu corpo, costurado por mãos que confundem criação com propriedade, é uma declaração de guerra travestida de milagre científico. Pobres Criaturas não é um conto de formação. É um ensaio sobre o direito de desaprender. […]
Não É o Fim do Mundo — É o Fim da Crença Nele: Uma Leitura Semiótica de 12 Horas para o Fim do Mundo
Nenhum asteroide cai duas vezes no mesmo lugar — mas o medo sim.Ele retorna em loops de CGI barato, em diálogos que ecoam Armageddon, Independence Day, 2012 — como um disco arranhado cuja música ninguém mais ouve, mas que continua girando por inércia institucional. 12 Horas para o Fim do Mundo, filme russo de 2019 dirigido por Dmitriy Kiselev, não […]
A Selva Julga: Predador e o Colapso do Herói Moderno
A selva não é um cenário. É um tribunal. Os sete homens que descem do helicóptero em Predador (1987) não entram em combate — entram em julgamento. Suas armas, seus músculos, seus nomes de guerra (Blain, Mac, Billy) são peças de uma encenação já desacreditada. Eles não sabem, mas já perderam. A criatura que os observa do alto não está […]
Não Há Explicação, Só Presença: O Horror como Última Linguagem em O Exorcista
Uma criança vomita sangue e fala em acadiano.Os médicos ajustam os eletrodos.Os padres desempoeiram um ritual de 1614. Nenhuma dessas ações explica. Elas apenas reagem — como se o mundo tivesse, de repente, perdido a gramática. Em O Exorcista, não há mistério a ser resolvido, há um fato a ser suportado: algo está ali, na cama, olhando de volta, e […]
Predadores e Presas: A Anatomia Simbólica do Preconceito em Zootopia
Não somos mais selvagens.Dizemos isso enquanto monitoramos os outros com o canto do olho, enquanto sorrimos ao cumprimentar e já arquivamos o sujeito em uma gaveta taxonômica: perigoso, incompetente, exótico demais.Em Zootopia, a civilização não é o fim da natureza — é sua tradução em código. Os animais não deixaram de ser o que são; aprenderam apenas a vestir ternos, […]
Quero Ser John Malkovich – O Corredor de Sete Minutos e Meio: Sobre Corpos Alugados e a Falência do Nome Próprio
Não se entra em John Malkovich.Entra-se através dele — como quem atravessa um espelho que não reflete, mas absorve. O portal no teto baixo do andar 7½ não é uma passagem mágica, mas um diagnóstico clínico disfarçado de piada absurda: o sujeito contemporâneo não mais sofre de não ser reconhecido. Sofre de ser demasiado ele mesmo. Craig Schwartz, marionetista frustrado, […]