Não há inocência no vidro prateado.O espelho nunca foi um instrumento de verdade — sempre foi um ato de linguagem. Quando nos colocamos diante dele, não vemos um rosto: vemos uma pergunta vestida de rosto. A tradição quer que o espelho confirme. Mas a arte, desde que aprendeu a quebrá-lo, descobriu que sua função mais radical é desestabilizar. Cada reflexo […]
Não É o Fim do Mundo — É o Fim da Crença Nele: Uma Leitura Semiótica de 12 Horas para o Fim do Mundo
Nenhum asteroide cai duas vezes no mesmo lugar — mas o medo sim.Ele retorna em loops de CGI barato, em diálogos que ecoam Armageddon, Independence Day, 2012 — como um disco arranhado cuja música ninguém mais ouve, mas que continua girando por inércia institucional. 12 Horas para o Fim do Mundo, filme russo de 2019 dirigido por Dmitriy Kiselev, não […]
Não Dizer, Não Ver, Não Lembrar: A Política do Esquecimento no 1º de Dezembro
No imaginário pop, a AIDS nunca foi apenas uma doença — foi uma estética, um grito, um silêncio imposto e depois quebrado. Está na voz rouca de Freddie Mercury em The Show Must Go On, nos cartazes fluorescentes do ACT UP colados como guerrilha urbana, no episódio de Pose em que o luto vira desfile, na fúria de Angels in […]
Spoonman, Soundgarden e a Poética do Marginal: quando a arte vem da calçada
Antes do riff, antes do grito, veio o tilintar. Um ritmo irregular e metálico, nascido não de um estúdio, mas do asfalto. O som de uma colher batendo na outra, manuseada por um homem à beira da estrada, é o germe de uma das canções mais enigmáticas do rock. Spoonman, do Soundgarden, não é apenas um tributo; é um artefato […]
A Sombra no Espelho: Frankenstein de Guilhermo del Toro – Reinvenção, Mito e o Monstro que Habita em Nós
A criatura nunca foi o verdadeiro monstro. Essa é a ironia seminal que persegue o mito de Frankenstein há séculos, um fantasma cultural que Guillermo del Toro resgata e remodela com a precisão de um ourives do grotesco. Em Frankenstein (2025), o diretor não nos oferece uma mera adaptação; ele realiza uma autópsia. Uma autópsia do nosso presente, utilizando o cadáver […]
A Senha Era ‘Louvre’: O Colapso do Simbólico na Era do Básico
Um ícone não cai pelo assédio de um exército, mas pelo descuido na porta dos fundos digitais. A notícia de que o sistema de segurança do Louvre teria sido comprometido por uma senha de complexidade risível – a própria palavra “Louvre” – é mais do que uma falha técnica; é uma parábola semiótica perfeita para nosso tempo. O museu que […]