Nenhum asteroide cai duas vezes no mesmo lugar — mas o medo sim.Ele retorna em loops de CGI barato, em diálogos que ecoam Armageddon, Independence Day, 2012 — como um disco arranhado cuja música ninguém mais ouve, mas que continua girando por inércia institucional. 12 Horas para o Fim do Mundo, filme russo de 2019 dirigido por Dmitriy Kiselev, não […]
A Selva Julga: Predador e o Colapso do Herói Moderno
A selva não é um cenário. É um tribunal. Os sete homens que descem do helicóptero em Predador (1987) não entram em combate — entram em julgamento. Suas armas, seus músculos, seus nomes de guerra (Blain, Mac, Billy) são peças de uma encenação já desacreditada. Eles não sabem, mas já perderam. A criatura que os observa do alto não está […]
O Campo de Batalha Inteiro é uma Câmera: Fotografia, Testemunho e Indiferença em Guerra Civil de Alex Garland
Uma mulher segura uma câmera. À sua frente, um homem sangra no asfalto. Ela não se ajoelha. Não grita. Ajusta o foco. Esse gesto — quase imperceptível, quase cotidiano — é o cerne de Guerra Civil (2024). Não se trata de uma anomalia ética, mas de uma mutação. A câmera já não é instrumento de denúncia. Tornou-se prótese da sobrevivência: […]
Não Há Explicação, Só Presença: O Horror como Última Linguagem em O Exorcista
Uma criança vomita sangue e fala em acadiano.Os médicos ajustam os eletrodos.Os padres desempoeiram um ritual de 1614. Nenhuma dessas ações explica. Elas apenas reagem — como se o mundo tivesse, de repente, perdido a gramática. Em O Exorcista, não há mistério a ser resolvido, há um fato a ser suportado: algo está ali, na cama, olhando de volta, e […]
Não Dizer, Não Ver, Não Lembrar: A Política do Esquecimento no 1º de Dezembro
No imaginário pop, a AIDS nunca foi apenas uma doença — foi uma estética, um grito, um silêncio imposto e depois quebrado. Está na voz rouca de Freddie Mercury em The Show Must Go On, nos cartazes fluorescentes do ACT UP colados como guerrilha urbana, no episódio de Pose em que o luto vira desfile, na fúria de Angels in […]
Predadores e Presas: A Anatomia Simbólica do Preconceito em Zootopia
Não somos mais selvagens.Dizemos isso enquanto monitoramos os outros com o canto do olho, enquanto sorrimos ao cumprimentar e já arquivamos o sujeito em uma gaveta taxonômica: perigoso, incompetente, exótico demais.Em Zootopia, a civilização não é o fim da natureza — é sua tradução em código. Os animais não deixaram de ser o que são; aprenderam apenas a vestir ternos, […]